EN388 – RISCOS MECÂNICOS – O que você precisa saber sobre a nova norma de resistência mecânica

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Em maio de 2016, o Ministério do Trabalho informou, por meio do Comunicado XL, que, a partir de julho de 2017, os ensaios para a certificação e renovação do Certificado de Aprovação (CA) das luvas de segurança para proteção contra riscos mecânicos deveriam seguir a versão vigente da norma técnica. Trata-se da EN 388:2016.

Com as alterações, as luvas passaram a ter mais dois resultados no CA: os novos ensaios de corte e de impacto. Apesar das mudanças, os equipamentos de proteção para as mãos que foram aprovados pela norma anterior, a EN 388:2003, continuam tendo seus certificados válidos até as respectivas datas de vencimento.

Veja, neste artigo, tudo sobre o que é a EN 388, o que mudou na nova versão, quais testes foram mantidos e quais resultados também passaram a ser considerados. Acompanhe!

Veja, neste artigo, tudo sobre o que é a EN 388, o que mudou na nova versão, quais testes foram mantidos e quais resultados também passaram a ser considerados. Acompanhe!

O que é a EN 388?

Muito se fala sobre a importância do uso de Equipamentos de Segurança Individual (EPIs), mas tão importante quanto sua utilização é considerar a qualidade de cada produto.

Nesse sentido, os CAs são fundamentais para garantir que o item realmente assegure a proteção do trabalhador e devem ser parte das preocupações de quem compra ou revende EPIs.

No caso das luvas não é diferente — e, devido às mãos serem partes do corpo tão suscetíveis a acidentes de trabalho, os testes de aprovação são imprescindíveis. É sobre isso que trata a EN 388, implementada em 2003 e revisada em 2016, de acordo com tendências já observadas na Europa e nos Estados Unidos.

Essa norma serve, sobretudo, para garantir que os riscos para as mãos a que são submetidos os trabalhadores sejam evitados ou minimizados. Na revisão, a mudança mais significativa foi a inclusão do método ISO 13997, também conhecido como teste TDM 100, do qual falaremos mais para frente.

Como funcionam suas classificações?

De acordo com a EN 388, os resultados dos testes são classificados de acordo com o rendimento em cada ensaio. Eles são medidos da seguinte forma:

  • teste de resistência à abrasão: escala de 0 a 4 (em número de ciclos);
  • teste de resistência a corte: escala de 0 a 5 (em índice);
  • teste de resistência a rasgo: escala de 0 a 4 (em newtons);
  • teste de resistência à perfuração: escala de 0 a 4 (em newtons).

Como são realizados os testes?

Durante a realização dos testes previstos pela EN 388, as luvas de segurança são submetidas aos efeitos dos riscos mecânicos e avaliadas de acordo com os parâmetros de qualidade definidos pela norma.

Resistência à abrasão

Refere-se ao número de ciclos necessários para deteriorar a luva a partir de um processo de “lixamento”. Trata-se de uma abrasão por óxido de alumínio papel, sob uma pressão estipulada de 9 +/- 0,2 kPa.

O fator de proteção é, então, indicado numa escala de 0 a 4. O valor depende de quantas rotações são necessárias para fazer um furo no material (a saber: 0 ≤ 100, 1 ≥ 100, 2 ≥ 500, 3 ≥ 2000 e 4 ≥ 8000).

Resistência a corte (Coup Test)

Trata-se do número de ciclos necessários para cortar uma amostra a uma velocidade constante. O fator de proteção é indicado em uma escala que vai de 0 a 5, considerando o índice de rotações para que haja um corte no material de confecção da luva (a saber: 0 ≤ 1.2, 1 ≥ 1.2, 2 ≥ 2.5, 3 ≥ 5, 4 ≥ 10 e 5≥ 20).

Resistência a rasgo

Essa é a quantidade de força necessária para rasgar uma amostra. O fator de proteção é indicado em uma escala de 0 a 4, reportada em newtons, que vai aumentando gradativamente (a saber: 0 ≤ 10, 1 ≥ 10, 2 ≥ 25, 3 ≥ 50 e 4 ≥ 75).

Resistência à perfuração

Trata-se da quantidade de força necessária para perfurar a amostra, com um ponto de tamanho padrão ou punção normalizada. O fator de proteção é indicado numa escala de 0 a 4, também reportada em newtons (a saber: 0 ≤ 20, 1 ≥ 20, 2 ≥ 60, 3 ≥ 100 e 4 ≥ 150).

É interessante notar que há uma progressão entre os resultados mínimos necessários para aumentar os níveis de desempenho. Para os testes de resistência à abrasão, por exemplo, uma luva classificada no nível 2 precisará melhorar seu resultado três vezes para passar ao nível 3.

Por que a norma passou por uma revisão?

O principal motivo para que a EN 388 tenha sido revisada é o avanço da tecnologia. Com isso, há uma melhora drástica na qualidade dos materiais e no desempenho das luvas de proteção.

Dessa forma, testes mais precisos foram necessários para garantir que, mesmo em face das inovações na confecção desses equipamentos, as luvas continuem sendo justamente avaliadas antes da disponibilização em mercados. Isso evita o mau uso de EPIs.

Isso se refere principalmente ao teste de corte, que antes se restringia ao Coup Teste, mas, agora, tem uma nova versão obrigatória para o caso de materiais de alta performance, de acordo com o ISO 13997. Assim, a resistência é determinada sem que haja o risco de inconsistências na configuração do teste, garantindo a segurança do trabalhador.

O que mudou na EN 388?

Os ensaios de abrasão, corte (Coup Test), rasgo e perfuração da norma antiga foram mantidos. As principais inclusões foram o novo ensaio de corte pelo método ISO 13997 (também conhecido como teste TDM 100) e o ensaio de impacto.

Com isso, o pictograma das luvas com o teste de proteção mecânica passa a ter mais dois resultados, conforme a figura abaixo:

Novo ensaio de corte (Método ISO 13997/Teste TDM 100)

Até então, a resistência ao corte era medida somente com o Coup Test, que usa uma lâmina rotativa sob uma carga fixa, movendo-se para frente e para trás na superfície da luva testada. No entanto, como as lâminas são reutilizáveis, o teste pode apresentar falhas quando a amostra se refere a materiais de alta performance. 

Figura: Máquina Coup Test
Fonte: https://www.satra.com/spotlight/article.php?id=471 acesso em 01/08/2017 as 17h51

A atualização da EN 388:2016 dá a opção de manter esse teste de corte ou de submeter as luvas ao ensaio ISO 13997, padrão que utiliza uma máquina chamada TDM 100. Nesse modelo, a lâmina se move pela amostra apenas uma vez, determinando a resistência ao corte pela carga necessária para cortar em uma distância de referência de 20 milímetros.

Figura: Maquina TDM 100, Lâmina e pesos.

Fonte: http://texcontrol.com.br/produto/tdm-100/ acesso em 02/08/2017 as 09:18.

O objetivo desse novo teste é ser mais específico no resultado obtido com relação ao nível de corte. Isso porque, pelas novas tecnologias sendo desenvolvidas em luvas e fios de resistência ao corte, o Coup Test talvez não seja tão preciso quanto o ISO 13997.

Para não haver comparação entre os dois ensaios de corte, pois não existe correlação entre eles, os resultados obtidos pelo novo teste terão uma classificação de A a F, conforme o quadro abaixo:

Exemplo de um pictograma, utilizando a nova norma:

Quando o equipamento não for submetido ao ensaio da ISO 13997 (TDM 100), deverá haver a marcação do caractere “X” para indicar essa situação. 

Quando usar o novo teste de corte?

A utilização do novo teste é fundamental às luvas que apresentarem características específicas para resistência ao corte. Nesse caso, o Coup Test é opcional e o pictograma pode conter ou não tal teste.

Exemplo:

Realizado diretamente o novo teste de corte ISO 13997 (TDM 100).

Ou

                                                                                           

Realizado Coup test e Teste ISO 13997 (TDM 100). 

Quando a luva não apresentar a resistência ao corte como característica principal, pode ser utilizado apenas o ensaio Coup Test, com a opção de não realizar o ISO 13997 (TDM 100).

Exemplo:

Lembrando que X informa que o produto não foi testado nesse ensaio.

Novo ensaio de impacto

Outra mudança significativa incluída na EN 388:2016 é o novo ensaio de impacto. Tal teste é opcional e só precisa ser considerado no caso de luvas que informam propriedades específicas de resistência a impactos, especificamente para aqueles no dorso da mão.

Nesse ensaio, a luva é colocada sobre um bloco de metal com a superfície superior achatada e recebe o impacto de um corpo com superfície plana que pesa 2,5 kg. O objeto é lançado de uma altura suficiente para que haja uma energia de impacto de 5 joules.

A força é, então, registrada, sendo que a classificação das luvas varia de acordo com a transmissão desse impacto para o material. Nela, há um “P” para indicar que a luva de proteção passou no teste de impacto, “F” para falhas no teste e “X” para o caso de não realização do teste.

Como essa norma é relativamente recente, ainda há um período de aproximadamente cinco anos de adaptação pela frente, tendo como base o tempo de validade de um CA. Isso porque o Ministério do Trabalho aceitou os ensaios realizados pela EN 388:2003 até o dia 30 de junho de 2017.

Já os produtos com laudos emitidos após essa data precisam, necessariamente, seguir a versão da EN 388:2016, apresentando também os resultados do teste TDM 100 e de impacto, quando for o caso. Portanto, leve isso em conta na hora de escolher seus EPIs!

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