Fonte: Gazeta do Povo
Os dedos das mãos são os órgãos do corpo mais vulneráveis entre os trabalhadores. Os brasileiros mutilam ou incapacitam 135 mil deles todos os anos em acidentes de trabalho. A soma chega a um milhão de dedos perdidos no período de sete ano analisado pela reportagem nos anuários estatísticos da Previdência Social. O número tende a ser maior, considerando que um único acidente pode amputar mais de um dedo.
O braço é a segunda parte do corpo mais atingida em acidente de trabalho, com 50 mil ocorrências por ano. Em seguida aparece o pé, com 41 mil registros anuais, depois vem as mãos com 40 mil casos, as pernas com 38 mil e a cabeça com 22 mil notificações. Esses casos não significam que necessariamente tenha havido a amputação desses membros. As demais partes do corpo somam 390 mil acidentes por ano.
O médico do trabalho Elver Andrade Moronte vê a banalização dos acidentes de trabalho no Brasil, como se fossem algo natural às atividades econômicas. Para ele, o país precisa ver isso como um problema de saúde pública e estabelecer políticas públicas para reduzir os riscos aos trabalhadores. Atuando no Ministério Público do Trabalho em Curitiba, ele diz que os membros superiores são os mais vulneráveis porque as máquinas usadas não têm as proteções adequadas. E pode piorar.
Os acidentes de trabalho deveriam ser vistos como um problema de saúde pública, mas o que se vê é uma banalização desses casos. A opinião é do médico do Trabalho Elver Andrade Moronte, que aponta os setores mais perigosos para os trabalhadores no Paraná.
O perigo está tramitando na Câmara dos Deputados. É o projeto de lei do deputado Sílvio Costa (PSC-PE) que pretende extinguir a Norma Regulamentadora NR 12, um conjunto de regras criada em 1978 e que em 2010 ampliou de 40 para 340 os itens obrigatórios a serem cumpridos para garantir a segurança e a integridade física dos trabalhadores que operam máquinas e equipamentos de todos os tipos. A NR 12 cobra a adaptação do maquinário já existente.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que a adequação do parque industrial brasileiro à NR 12 custaria R$ 100 bilhões, seja para micros ou grandes empresas. Para o deputado federal Bebeto Galvão (PSB), líder sindical, isso representa um golpe para a classe operária. O setor empresarial alega não querer reduzir em nada a segurança dos trabalhadores, mas sustenta que a norma traz um impacto econômico inviável ao setor produtivo.