Presente diariamente na indústria brasileira, os acidentes de trabalho, além de vitimar colaboradores, representam um sério rombo na previdência nacional. Isso porque segundo números do Ministério Público do Trabalho (MPT), de 2012 a 2018 (considerando uma projeção até o final do ano), 318,4 mil dias de trabalho foram perdidos no país em decorrência de acidentes de trabalho.
Financeiramente o prejuízo alcança a marca dos R$ 27,3 bilhões em apenas sete anos, o que sem dúvidas evidencia a relevância e a urgência de se debater o assunto.
Nesse sentido, é preciso procurar entender sob que circunstâncias os principais tipos de acidentes de trabalho ocorrem, analisando dessa forma quais os erros mais comuns e medidas para contorná-los. Sendo assim, confira agora seis tipos de acidentes de trabalho nas indústrias.
1. Queda de altura
Esse tipo de acidente infelizmente é um dos mais comuns, pois tarefas em elevadas alturas não são restritas a um ramo específico, seja na indústria alimentícia, seja na petroquímica, há inúmeras ocasiões de trabalho na altura.
O que impulsiona o alto número de quedas dos colaboradores é a negligência no que se refere ao uso dos EPI’s e principalmente a imprudência. Grande parte desse tipo de fatalidade ocorre em situações que aparentemente são julgadas como tarefas simples e rápidas (desprezando assim o EPI e outros equipamentos coletivos), mas que, na verdade, não são.
Ou seja, o fato de subestimar o risco de determinadas tarefas geralmente é o grande causador de quedas de altura em ambientais industriais.
Equipamentos de segurança
Com o intuito de evitar esse tipo acidente de trabalho, há alguns equipamentos de segurança que devem ser utilizados, como:
- ancoragem;
- cinto de segurança;
- conectores;
- cordas e cabos;
- escadas;
- absorvedor de energia;
- trava-queda;
- talabarte.
2. Cortes
Mais frequente para os colaboradores que atuam nas indústrias metalúrgica e alimentícia, cortes e perfurações no corpo infelizmente ocorrem com alta frequência. Esse tipo de acidente de trabalho ocorre muita vezes devido a momentos de distração do próprio trabalhador, isto é, falha humana ao desempenhar tarefas que exigem o manuseio de equipamentos cortantes/pesados.
Como exemplos, podemos citar as fatalidades que ocorrem no processo de produção da carne e de derivados pelo ramo frigorífico, bem como na fabricação de veículos pelo segmento automobilístico. Em ambos os casos há atividades que demandam carregamento de peso, corte de insumos, lixamento etc.
Equipamentos de segurança
Ao desempenhar atividades que ofereçam risco de perfurações e cortes, o colaborador deve atentar-se ao uso dos seguintes equipamentos de segurança:
- luvas de proteção;
- aventais;
- mangotes.
3. Choques elétricos
A eletricidade, com certeza, é a fonte de energia mais utilizada para a realização de processos industriais, desde o funcionamento de um alto-forno até o uso de um simples compressor. Por isso, a incidência de acidentes de trabalho envolvendo choques não se limita a colaboradores que trabalham especificamente com rede elétrica.
O contato com fios desencapados, fontes não isoladas e a entrada indevida em locais de alta tensão são os principais causadores de choques na indústria. Eles podem causar queimaduras, tontura, contração muscular, perda de sentido e formigamento. Vale destacar ainda que dependendo do tempo de exposição e da intensidade da corrente, o trabalhador corre sério risco de vida.
Equipamentos de segurança
Para evitar ser vítima de choque elétrico, é importante o uso dos seguintes equipamentos de proteção:
- luva isolante;
- botina de segurança ou outro calçado fechado;
- capacete;
- manga isolante.
4. Contusões
Muito comum em atividades que demandam esforço físico, acidentes de trabalho que geram contusões também são preocupantes, entretanto, causam menos fatalidades que os outros citados acima.
Tarefas que exigem levantamento de cargas, movimentação constante e força em geral são as que mais fazem os colaboradores se contundirem. Seja uma contusão no pé proporcionada por sobrecarga, seja uma contusão na mão, devido ao esforço repetitivo, esse tipo de acidente de trabalho pode ser evitado principalmente se houver respeito com os limites do corpo humano.
Equipamentos de segurança
Como descrito acima, grande parte das contusões podem ser evitadas por meio de algumas medidas, como pausas programadas durante os esforços e bom senso ao realizar tarefas que exigem força.
Existem alguns EPI’s que ajudam a evitar contusões, são eles:
- calçado específico para o tipo de exercício;
- luvas de proteção.
5. Fraturas
De acordo com a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), em 2017, ocorreram por volta de 93.000 acidentes de trabalho envolvendo luxações, entorses e fraturas. O estudo aponta ainda que as responsáveis por esse elevado número são as falhas de prevenção, causando principalmente fraturas nos membros superiores (mãos e punhos) dos colaboradores.
Fraturas ou luxações nas mãos são praticamente sinônimos de muitos dias de afastamento, isso porque essa região é formada por várias ligamentos e ossos. Nesse sentido, esse tipo de acidente de trabalho liderou o ranking de benefícios concedidos pelo INSS em 2017, acumulando por volta de 22.668 de casos.
Equipamentos de segurança
Para evitar lesões e fraturas no corpo (principalmente nas mãos, punhos e pés) é importante destacar o uso dos seguintes EPI’s:
- luvas de proteção;
- avental;
- botas.
6. Amputação
Acidentes de trabalho que envolvem amputação infelizmente podem ocorrer mesmo quando o colaborador toma as devidas precauções e está utilizando todos os EPI’s. Isso se dá devido a falhas em maquinários mecânicos (principalmente de corte e de impacto), ou por equipamentos que não estão protegidos, causando em sua grande maioria a amputação de dedos, mãos e membros inferiores.
Dessa forma, é fundamental que todo o maquinário industrial que represente algum risco de amputação (máquinas que têm rotação, corte, deslocamento, perfuração, flexão etc.) para o colaborador receba a adequada manutenção e a proteção de suas áreas críticas.
Equipamentos de segurança
Há ocasiões em que, por causa da força e da robustez de certos equipamentos, o EPI não é capaz de isentar o trabalhador desse tipo de acidente. Entretanto, há várias situações em que a utilização de EPI’s pode de fato amenizar os ferimentos e evitar amputações, como:
- luvas de malha de aço;
- botina de couro;
- capacete de proteção.
Portanto, percebe-se que acidentes de trabalho infelizmente ainda fazem parte da rotina de uma indústria, e não necessariamente ocorrem por falha humana. Por isso, é preciso criar uma cultura de prevenção nos ambientes que representam riscos para o colaborador, envolvendo práticas de troca de informações, fiscalização, uso de EPI, treinamentos, entre outros.
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