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Seja em ambientes industriais ou em um restaurante, os níveis de ruído não devem ser negligenciados. Afinal, o nosso sistema auditivo não consegue suportar sons em alta intensidade, sendo agravado o problema quando esse tipo de exposição passa a ser frequente.
Por ser uma questão de saúde relevante e por estar presente em várias situações cotidianas, estabelecer parâmetros técnicos para avaliar a intensidade sonora adequada para cada ambiente passa então ser fundamental. Nesse contexto, podemos destacar a Norma Brasileira 10152 (NBR 10152) como uma importante medida reguladora.
Confira o que determina a NBR 10152, qual a sua importância e outros pontos importantes acerca dos ruídos em locais diversos.
O objetivo da NBR 10152
Regulamentada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a NBR 10152 tem como principal finalidade fixar os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em diversos ambientes.
Em outras palavras, o que a NBR 10152 estabelece é a faixa limite de valores em decibéis ideais para cada tipo de localidade (bibliotecas, restaurantes, hospitais, apartamentos etc.). Entretanto, para compreender melhor a ordenação dessa norma regulamentadora, é preciso destacar também uma outra norma, a NBR 10151.
A NBR 10151
A NBR 10151 (Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao conforto da comunidade – Procedimento) tem o objetivo de estabelecer as condições mínimas para a determinação da aceitabilidade do ruído. Ou seja, ela especifica sob que circunstâncias técnicas pode-se mensurar a intensidade sonora em um determinado ambiente.
Desse modo, essa norma detalha um método para a medição correta de ruído, bem como a aplicação de ajustes nos níveis medidos caso o ruído apresente características especiais.
Medição do ruído
Segundo a norma, para a coleta adequada da intensidade sonora é preciso seguir os seguintes procedimentos técnicos:
Utilizar equipamento de medição adequado:
- usar um decibelímetro (medidor de pressão sonora) que possua regulagem para a altura e com filtro de banda de oitava;
- possuir a opção Data-Logger no decibelímetro, para a impressão das medições coletadas;
- manter o decibelímetro devidamente calibrado e comprovado por meio de certificado de calibração válido — do INMETRO ou da Rede Brasileira de Calibração (RBC).
Utilizar processos de medição para ambientes externos
- não efetuar medições na ocorrência de chuva;
- manter uma distância mínima de 2 m entre o microfone e qualquer superfície que seja refletiva;
- garantir que a altura do microfone permaneça entre 1,20 e 1,50 m acima do solo;
- posicionar o microfone a uma distância de 0,5 m de uma janela aberta no caso de medição feita próximo de edificações.
Processo de medição para ambientes internos
- garantir que a altura do microfone permaneça entre 1,20 a 1,50 m acima do piso;
- manter uma distância mínima das paredes de 1 m;
- manter uma distância das janelas de 1,5 m;
- realizar 3 medições no mínimo (espaçadas em 0,5 m uma da outra) e efetuar a média aritmética das mesmas, obtendo assim o resultado final para aquele local;
- coletar medidas de acordo com as condições normais de utilização do ambiente (para evitar que ruídos atípicos alterem o resultado).
Parâmetros estabelecidos pela NBR 10152 e sua importância
A NBR 10152 define a faixa de valores em decibéis para o conforto acústico de cada localidade, de acordo com o cálculo dos parâmetros de pressão sonora ponderada (em pascal), nível da pressão sonora (em decibéis), nível de pressão sonora ponderado (em decibéis) e a curva de avaliação de ruído (NC).
Sendo assim, após fixar cada uma dessas grandezas e por meio de análise gráfica a partir da frequência em hertz do som emitido, a NBR 10152 indica os seguintes valores em decibéis:
- de 35 a 45 dB para hospitais (áreas de apartamento, enfermaria, berçários e centro cirúrgico);
- de 40 a 50 dB para escolas (salas de aula e laboratórios);
- de 45 a 55 dB para hotéis (portaria, recepção e circulação);
- de 40 a 50 dB para restaurantes;
- de 40 a 50 dB para igrejas e templos;
- de 45 a 60 dB para ginásios poliesportivos.
Onde:
- o valor inferior da faixa indica o nível sonoro para conforto acústico no local;
- o valor superior da faixa representa a intensidade sonora aceitável para aquele ambiente;
- o valor superior ao limite indicado é definido como desconforto acústico, entretanto, não necessariamente representa risco à saúde.
Efeitos da elevada intensidade do som
Como descrito no início deste artigo, o nosso sistema auditivo suporta determinadas condições sonoras. Exemplificando: ruídos acima de 80 decibéis já podem causar prejuízos na audição. Dessa maneira, cabe destacar que locais que emitem níveis elevados de ruídos somados a uma exposição contínua representam uma combinação que pode levar à surdez.
Para se ter uma ideia, em ambientes como indústrias, escolas e ginásios de shows os ruídos podem facilmente alcançar a faixa dos 110 decibéis. Entretanto, há diferenças quanto aos danos causados em relação ao tempo de exposição. Por isso, passa a ser essencial a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) para quem está sujeito a longos períodos de exposição.
Uso do EPI auditivo
Muitas pessoas não utilizam o EPI porque dizem já estar acostumadas com a intensidade do som naquele local. Porém, ruídos elevados causam perda auditiva gradual nessas pessoas. Ou seja, mesmo não gerando grande desconforto, o som intenso traz danos irreversíveis ao sistema auditivo.
Desse modo, a utilização de EPI é fundamental para a proteção contra ruídos, evitando tanto a perda auditiva temporária quanto a permanente. Dentre os equipamentos de proteção, destacam-se o protetor auricular (para ruídos mais leves e moderados), e o abafador de ruído industrial (para sons de elevada intensidade).
É fácil perceber o quão relevante é a NBR 10152, por meio do detalhamento dos parâmetros aceitáveis de ruído, para garantir o conforto acústico de determinado ambiente.
Por último, cabe destacar a necessidade de promover medidas de segurança para os locais onde há elevados níveis de ruído, tanto no que diz respeito ao uso do EPI’s quanto a propor alternativas para a redução da intensidade sonora.
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